Ansiosos pelo primeiro dia de serviço no centro, e distribuídos por tarefas
distintas, o nosso grupo demonstrou o perfeccionismo e o 'desenrrasque' típico da
génese lusitana.
Entre caminhos, pinturas e voltas com material, foi necessário atribuir
mais tarefas ao nosso grupo além das que estavam delineadas. Nos coffee breaks,
sempre com boa disposição, trocaram-se histórias e peripécias de cada grupo, ainda
com algum espaço para descobrir a magia das diferenças culturais com os elementos
do Staff.
Esta partilha de experiências não se sentia só durante as jornadas de
trabalho, como também à mesa. Entre sopas coloridas e pratos estranhos,
saboreávamos aquele momento de descanso debatendo os mais diversos assuntos. Seguia-se
sempre o momento na nossa mini-cozinha, onde matávamos saudades da fragrância e
sabor do café ao estilo português.
A jornada de trabalho era retomada, fizesse chuva ou sol o espírito de trabalho
dos grupos mantinha-se, ao ponto de abdicarem do coffee break da tarde para dar
por terminada a tarefa que lhes foi concedida.
Depois do jantar, fomos brindados com uma visita a cada parte do centro. Da
cozinha, à lavandaria...ao cantinho dos pinkies... e posteriormente guiados por
tochas, visitámos os bosques que abraçam o centro... do Kander-Lodge, ao Memorial
Rock, ao B.P. campfire, à Torre... ao Campfire Circle...
Em crescendo, na bruma da noite, foi-se ouvindo uma melodia... e aos poucos foram-se vislumbrando pontinhos de luz aqui e acolá. Em jeito de convite, fomo-nos descalçando e sentando nas mantas já expostas na Frack Haus, último ponto de visita...havia algo diferente à nossa espera.
Tínhamos rumado de barco até este mundo mágico, tinham-nos sido instituídos os símbolos desta viagem, faltava agora nos comprometermos com este projecto.
Do silêncio surgiu o Max que nos foi retirando os lenços colocando-os em
círculo, formando cada um de deles um raio solar, que aqueceu aquele espaço.
Pelo dom selvagem desta mesma personagem, fomos investidos reis feiticeiros
deste novo mundo.
Lentamente, cada um abriu a sua caixa do tempo, e deixou sair a sua linha
de vida, que juntamente com o ceptro mágico, fizeram com que o pequeno sol
daquele espaço subisse e descesse como se de magia se tratasse. Nem só o sol
subiu, e do fundo do nosso âmago emergiram gotas de água, que transpareceram
toda a autenticidade do momento.
Entre cânticos emocionados, foi o momento de revermos cada um dos nossos percursos, cada uma das nossas escolhas, quer por águas calmas, quer por correntes sinuosas... foi o momento de relembrarmos quem não pôde estar ali connosco, quem nos fez chegar até ali, e de percebermos que mesmo imperfeitos, juntos valemos mais. Foi de facto um momento mágico onde ficámos de facto ligados por um mesmo sentimento: fazer mais.
Assim como em família, cuidamos dos nossos iguais, também nós rumámos de
novo ao Challet com algo no peito que não era nosso, mas com a certeza que
seria tratado como se fosse nosso até à manhã seguinte.
Esta seria uma noite
calma com o coração repleto desta magia.